É em Ansião que mora o mais jovem treinador do futebol sénior distrital e, muito provavelmente, de todo o país. Aos 26 anos, Ricardo Silva conta já com um ano de experiência como técnico principal, numa época intensa, com muitas vitórias históricas, com resultados surpreendentes, mas que acabou com aquilo que apelida de uma “barbaridade” chamada descida de divisão, mesmo depois de ter acabado a competição com seis equipas atrás de si.A má prestação das equipas de Leiria na edição passada da III Divisão – desceram quatro – provocou um efeito dominó que levou à despromoção de nada menos que sete equipas da divisão de Honra para a I Divisão distrital. O Ansião foi, provavelmente, o maior prejudicado, mas Ricardo Silva garante estar de consciência tranquila. “Fizemos um dos melhores campeonatos de sempre dos Caçadores de Ansião, eliminámos o Sporting de Pombal da Taça de Portugal e fomos à final da Taça do Distrito. Tendo em conta as condições que temos, penso que fizemos uma excelente época, mas tudo ficou manchado pela descida de divisão.”A época que terminou foi, pois, de aprendizagem na primeira experiência de Ricardo Silva como treinador principal. “É evidente que trocava tudo pela manutenção, mas voltaria a fazer tudo na mesma. Estamos sempre a aprender, mas tenho a consciência que nunca facilitei. Tudo o que fiz foi para o bem da equipa e quando rodei a equipa fi-lo porque tinha necessidade de o fazer.”A carreira como técnico começou quando acabou a de jogador, no primeiro ano de sénior, depois de ter feito as camadas jovens no Sporting de Pombal. “Achei que tinha muito mais jeito para treinador do que para jogador e agora tenho a certeza que treinar dá-me muito mais prazer do que jogar.” Foi adjunto da equipa B do Pombal, Guiense e Ansião até chegar a oportunidade como treinador principal, aos 25 anos.Ricardo Silva define-se como um treinador em “evolução” e aposta forte nos métodos motivacionais dos atletas. “Tudo o que sei não é nada, mas sei o suficiente para estar a um certo nível.” Como principal qualidade entende “ver o jogador como o centro do futebol”. “Tento tirar o máximo de cada um e cada opção que tomo tem uma justificação. E quando deixo um jogador de fora explico-lhe porquê. Isso dá-lhe ânimo para continuar a trabalhar.” Como referências tem José Mourinho, Fabio Capello e Paulo Neves, adjunto do Pombal.Aos 26 anos e sendo treinador de uma equipa sénior, o técnico é superior hierárquico de jogadores mais velhos e mais experientes. Como se lida com essa situação? “A idade não é pressuposto de nada. Eu não imponho nada, porque isso implicaria temor e não respeito. E há um grande respeito na equipa, eu tento partilhar as ideias, ouvir os atletas. O treinador é o chefe do grupo, mas não deve ser um ditador, apesar de ter de tomar decisões.”
in Jornal de Leiria - Miguel Sampaio
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